catorze
Terça. terça, terça. Nunca mais é terça. O tempo é mesmo um bicho caprichoso: corre quando queremos que páre e pára quando queremos que avance. Não fiz nada de jeito no fim-de-semana, estou com sérias dificuldades em concentrar-me no que quer que seja sem ser interrompida por uma imagem mental dos olhos dele ou do seu sorriso. Patético, isto é tudo patético e demasiado à filme de sábado à tarde. "Rapariga simples apaixona-se por rapaz que mal conhece mas tem medo de se magoar pois já se magoou no passado", que vómito de clichê.
Tenho imensos defeitos, ou pelo menos vejo imensos defeitos quando olho para mim e me analiso, coisa que tendo a fazer frequentemente. Um deles é a minha mania para associar quase todas as situações da minha vida a cenas de filmes ou a músicas, quase como se toda a minha vida fosse um filme ou uma banda sonora. É inegável o poder que a música tem em mim: é capaz de me transformar completamente. Consigo ouvir uma música que me anime e me faça sentir feliz e lembrar-me de situações boas e, logo a seguir, ouvir uma mais calma e ver todos os episódios deprimentes da minha existência a desfilar-me na cabeça. Resumindo: uma música tem o poder de me fazer sentir no topo do mundo ou a pessoa mais infeliz de todas. É, sou assim tão estranha. Para além de associar as situações a músicas, também lhes associo pessoas. Há pessoas que me lembram músicas alegres, ou partes de letras de canções, outras recordam-me músicas tristes. Quem diz música diz a letra que lhe costuma estar associada, nem percebo bem as pessoas que gostam de certas músicas sem nunca terem prestado atenção à letra. Já me aconteceram coisas fantásticas ao som de certas músicas e outras menos boas também. Posso dizer que faz parte de mim, e que, mais que uma companhia, é um órgão vital: nunca conseguiria viver sem ela. A Mariana é uma música alegre, despreocupada, brilhante e sem pretensões. É tipo uma "How do you do?" dos Roxette. O Jaime é clean, alinhado e cool, é a "Virtual Insanity", do Jamiroquai. Quer dizer, exceto quando há whisky na equação, que aí solta-se e torna-se um "How do you do?", tal e qual como a Mariana. Acho que é por isso que são tão felizes juntos. Não conheço minimamente o Tiago, por isso não consigo catalogá-lo, nem à Madalena. E o João? Pois. Que música será o João? Se calhar é músicas, plural; se tivesse de apostar, apostava já que não se esgota numa música só, mas que são precisas várias para o resumir. Resta-me tentar descobrir quais são: para já é só uma aliciante e perigosa "let's get it on".
Camila
Terça. terça, terça. Nunca mais é terça. O tempo é mesmo um bicho caprichoso: corre quando queremos que páre e pára quando queremos que avance. Não fiz nada de jeito no fim-de-semana, estou com sérias dificuldades em concentrar-me no que quer que seja sem ser interrompida por uma imagem mental dos olhos dele ou do seu sorriso. Patético, isto é tudo patético e demasiado à filme de sábado à tarde. "Rapariga simples apaixona-se por rapaz que mal conhece mas tem medo de se magoar pois já se magoou no passado", que vómito de clichê.
Tenho imensos defeitos, ou pelo menos vejo imensos defeitos quando olho para mim e me analiso, coisa que tendo a fazer frequentemente. Um deles é a minha mania para associar quase todas as situações da minha vida a cenas de filmes ou a músicas, quase como se toda a minha vida fosse um filme ou uma banda sonora. É inegável o poder que a música tem em mim: é capaz de me transformar completamente. Consigo ouvir uma música que me anime e me faça sentir feliz e lembrar-me de situações boas e, logo a seguir, ouvir uma mais calma e ver todos os episódios deprimentes da minha existência a desfilar-me na cabeça. Resumindo: uma música tem o poder de me fazer sentir no topo do mundo ou a pessoa mais infeliz de todas. É, sou assim tão estranha. Para além de associar as situações a músicas, também lhes associo pessoas. Há pessoas que me lembram músicas alegres, ou partes de letras de canções, outras recordam-me músicas tristes. Quem diz música diz a letra que lhe costuma estar associada, nem percebo bem as pessoas que gostam de certas músicas sem nunca terem prestado atenção à letra. Já me aconteceram coisas fantásticas ao som de certas músicas e outras menos boas também. Posso dizer que faz parte de mim, e que, mais que uma companhia, é um órgão vital: nunca conseguiria viver sem ela. A Mariana é uma música alegre, despreocupada, brilhante e sem pretensões. É tipo uma "How do you do?" dos Roxette. O Jaime é clean, alinhado e cool, é a "Virtual Insanity", do Jamiroquai. Quer dizer, exceto quando há whisky na equação, que aí solta-se e torna-se um "How do you do?", tal e qual como a Mariana. Acho que é por isso que são tão felizes juntos. Não conheço minimamente o Tiago, por isso não consigo catalogá-lo, nem à Madalena. E o João? Pois. Que música será o João? Se calhar é músicas, plural; se tivesse de apostar, apostava já que não se esgota numa música só, mas que são precisas várias para o resumir. Resta-me tentar descobrir quais são: para já é só uma aliciante e perigosa "let's get it on".